Confesso que Anjos e demónios (e não estando a falar de Dan Brown), possessões e exorcismos, céu e inferno, não é leitura que me chame muito a atenção e, apesar de o livro me ter despertado curiosidade, confesso que provavelmente não o teria comprado se não fosse aquela promoção de livro do dia na Feira do Livro! 🙂
E teria perdido com isso!
A trama d’O Despertar do Nefilim está muito bem idealizada e rapidamente me fez ultrapassar esse preconceito pessoal.
A evolução de Gonçalo, o nosso protagonista, é credível. Aliás, como com os restantes personagens, o autor não se agarra a estereótipos nem a personalidades extremadas, inconstantes ou imprevisíveis para dar sal à estória. A estória tem valor só por si e a determinada altura, damos por ela e queremos ler mais e saber mais e… chega ao fim!
Mas foi, sem dúvida, uma boa viagem.
Eu sei que já existe uma continuação e que haverá mais ainda. Mas este “final” deixa-nos com a sensação que era agora que ia começar tudo.
Depois de saber um pouco mais não se consegue deixar de relacionar algum do contexto do livro com o próprio autor. Fiquei com a impressão de que o narrador não é isento nem imparcial, mas diga-se de verdade que não vi qualquer problema nisso. Acho que faz parte.
Sobre a escrita em si, tenho que começar por dizer que nada do que vou apontar me pareceu um obstáculo ou me perturbou na fluidez da leitura, mas reparei nas coisas e só por isso é que não dou um rating mais elevado ao livro.
De início reparei que o narrador parece ser algo inconstante na polidez do discurso, ora usando palavras “caras” ora usando quase jargão em situações equivalentes. Depois do primeiro terço do livro essa sensação desapareceu por completo.
Alguns capítulos pareceram ser escritos com um estado de espírito diferente que induziu um estilo diferente no desenrolar dos acontecimentos. As cenas na esquadra de polícia, por exemplo, apesar de serem uma continuação coerente da estória, pareceram-me outro estilo, outro ritmo narrativo.
Encontrei também inúmeras pequenas “estranhezas” na escrita em detalhes que às vezes depois se esclarecem, mas que deixam uma primeira sensação de algo errado ou sinalizam demasiadas repetições.
Nada disto me fez perder o interesse na estória e a vontade de ler o próximo livro. Estou certo que terei a oportunidade de o fazer.
Recomendo a leitura, especialmente para quem goste deste género.
Dou-lhe 3,4 numa escala de 5.
Para contactar o autor: https://www.facebook.com/Odespertardonefilim/
E afinal o que tem a ver o anticristo que nasce no prólogo com tudo isto? 🙂
Pois não sei e fui perguntar ao autor. A resposta está no segundo livro: “O Despertar do Nefilim – A Batalha dos Caídos”